sexta-feira, 11 de novembro de 2011

DIA DE FINADOS 2011 - LEMBRANDO CHICO SOARES


PRINCESA ISABEL - A OCUPAÇÃO DA REGIÃO

APRESENTAÇÃO
Há muito tempo pensei em publicar matérias sobre a historia de Princesa Isabel – uma pequena cidade perdida no alto da Serra da Borborema, na Paraiba. Finalmente chegou o momento. Depois de quatro anos de pesquisa, escarafunchando livros, documentos, onde eles pudessem ser encontrados, finalmente dei por concluída a etapa de pesquisa. Um enorme trabalho ainda está por fazer na organização do material resgatado, para poder disponibiliza-lo para quem dele precisar, antes mesmo de publica-lo em forma de livro ou outro meio de divulgação.
Para aqueles que me cobram quase que diariamente o livro (que não é parte -ainda- do meu projeto de resgate historico) sobre a historia do povo princesense, espero atender um pouco de suas expectativas. O que apresentarei aqui neste blog, especialmente planejado para isso, terá como objetivo primeiro o de disponibilizar as primeiras informações obtidas do acervo recolhido e estudado nestes últimos anos.
Muito já se escreveu sobre Princesa (vou usar esta denominação, no lugar de Princesa Isabel, por simplificação). Quase tudo relativo à grande epopéia da revolta de 1930. Quase nada sobre suas origens remotas, e quase sempre sem apoio de documentação e fontes fidedignas que permitam uma reconstrução do seu passado historico. Na dúvida de que a fase atual do meu projeto possa ainda demorar muito, resolvi mudar o roteiro e oferecer aos princesenses e outros interessados, aquilo que aprendi na minha tarefa de resgatar o patrimônio documental da historia de Princesa. Planejo escrever da forma mais direta e simples possível. Desejo faze-lo principalmente para a nova geração ainda com menos de 30 anos, sem preocupações de natureza acadêmica, sem analises historiográficas aprofundadas. Usarei o estilo jornalístico. Leve, superficial e centrado nos fatos relevantes e interessantes. Usarei um roteiro por ordem cronológica dos fatos. Mesmo que isso contrarie o pensamento dos novos historiadores vindos da academia. Eles que peguem esse material e o façam ao estilo deles! Independente do estilo, todas as informações apresentadas são lastreadas em documentos oficiais (fontes primárias) ou contidas em outras publicações (fontes secundarias). Muito pouco vindas de relatos orais ou de fontes nitidamente duvidosas. Para evitar um texto pesado e de leitura especializada, dispensarei as referencias bibliográficas que serão incluídas no final desta serie de artigos.

INTRODUÇÃO

Dividi a historia de Princesa em 5 grandes capítulos:
PRE-HISTORIA – o tempo anterior ao inicio do desbravamento da região pelos colonizadores portugueses ou nativos brasileiros, ou seja, do ano 1500 a meados de 1760. Apresentarei os fatos relativos à ocupação do sertão paraibano e pernambucano, que antecederam e prepararam a chegada dos primeiros desbravadores da região onde hoje se situa o Municipio de Princesa Isabel, no Estado da Paraiba.
DESBRAVAMENTO - período que vai de 1760 (Sec XVIII) até 1858 (Sec XIX), fase da ocupação territorial pelas primeiras famílias de desbravadores.
FUNDAÇÃO – PRIMEIROS ANOS – a partir da construção da pequena capela em 1858, o inicio do arruado, até 1875, quando então se torna a Vila da Princeza (assim mesmo, com “z”).
DE VILA À “TERRITORIO LIVRE” – a partir da emancipação política e administrativa em 1875 até à epopéia da revolta de 1930.
ERA CONTEMPORÂNEA - período que vai de 1930 até os dias atuais.
Onde for interessante, junto com a descrição dos fatos e datas, acrescentarei anotações sobre a genealogia das famílias, estórias e curiosidades que possam dar um sabor especial a história do povo princesense.


PRE-HISTORIA
Localizemos a região onde está situado o Municipio de Princesa Isabel e sua sede de mesmo nome. No Brasil, no extremo sudoeste do Estado da Paraiba, fronteira com o Estado de Pernambuco. Repousa sobre o altiplano da Serra da Borborema, nos contrafortes do Rio Piancó, em altitude média de 700 m . Para efeito de inclusão neste trabalho, considerarei todos os seus antigos distritos e povoados (S. José, Manaira, Tavares, Juru e Agua Branca, Patos e Belém) como partes integrantes da historia de Princesa, até o momento das respectivas emancipações e desmembramentos.
ERA PRIMITIVA
De acordo com estudiosos do assunto, foi há 40.000 anos atrás que chegaram os primeiros habitantes do continente americano. No Brasil, especialmente no Nordeste, a presença humana é de mais ou menos 10.000 anos. Na região de Princesa, no sitio Lagoa da Fazenda foram encontrados traços da presença indigena, tais como artefatos de cerâmica. Nenhum estudo sobre a origem e data desses achados foi feito até agora.
Os povos indígenas que habitavam na região do Vale do Piancó eram denominados tapuias ( classificação geral dada aos índios selvagens, indomáveis, bárbaros), principalmente as tribos Panatis, Coremas e Icós, todos inclusos na nação Cariri (ou kiriri). Considerando que a Serra da Borborema deve ter sido uma barreira natural ao acesso desses povos a região de Princesa, podemos assumir também que é mais provável que os povos indígenas que possam ter circulado por ela, tenham sido Cariris que viviam no vizinho Vale do Pajeu e na Serra da Baixa Verde, pelo lado pernambucano. Seriam eles os aracapás, carnijós, gurguás ou guegês, paiaiases, xucurus, quesqués, pipipans, umãs e xocós. Estes quatro últimos foram aldeados na Serra da Baixa Verde em 1802, cuja aldeia estava onde atualmente é a cidade de Triunfo (Pe), vizinha de Princesa.
Não há registros de lutas ou presença de índios, a não ser a partir da chegada dos primeiros desbravadores, quando encontramos algumas referencias sobre eles. Uma dessas referencias é a denominação de locais na região de Princesa, tais como Riacho do Tapuio, Serrote do Tapuio, que dá a entender sobre a presença de índios nestes locais na época do desbravamento.
Na tradição oral encontramos referencias de casamentos de ancestrais nossos com “índias pegas à laço” e se pode observar nos traços fisionômicos de muitos sertanejos com “cara de índio” que encontramos entre a gente princesense.
DESBRAVAMENTO (1760 -1858)

POVOAMENTO DO SERTÃO
O desbravamento da região de Princesa é antecipada pela saga da penetração do sertão pernambucano, em especial a formação da vizinha cidade de Flores (Pe), a “avó” de Princesa, como demonstrarei nos capítulos futuros.
Flores, situada à apenas 18 quilometros ao sul de Princesa, tem suas origens remotas datadas desde meados do século XVII (1650 – 1670). Consta que antes disso, lá estavam os índios Quesqués, índios de cor branca e costumes menos bárbaros , que povoavam as margens do Pajeú e levavam suas tendas e brigas até o outro lado da Borborema, chegando até o Araripe no Ceará.
O povoamento de Flores está ligado à chegada dos sertanistas e vaqueiros da Casa da Torre ( fazenda instalada na Bahia, pertencente ao português GARCIA D´AVILA, cujos descendentes se tornaram os maiores proprietários de terras do Brasil) a partir de 1654, após a expulsão dos holandeses do Nordeste. A primeira fazenda foi instalada em Flores pelo sertanista DOMINGOS AFONSO SERTÃO, tendo ele batizado a ex-aldeia de índios, de Pajeú das Flores. De 1655 até 1760, toda a historia dessa região vizinha, foi feita pelos homens ligados à citada Casa da Torre. Fazendas e currais se instalavam ao longo do Pajeu e seus riachos, ou onde pudesse ter água perene.
Vale registrar também um dos fatos que teve maior importância na ocupação desses sertões. Foi a chamada “guerra dos bárbaros”. Aconteceu entre 1694 e 1702. Os índios do Pajeu, do Pianco e do Piranhas se revoltaram e botaram a correr todos os ocupantes das terras dessas regiões, ficando o sertão desocupado . Em 1678 os senhores da Casa da Torre receberam autorização para guerrear contra os índios do Rio Pajeú. A povoação de Flores foi destruída nessa guerra. Para combater os índios, veio o Coronel MANOEL ARAÚJO DE CARVALHO, fazendeiro do São Francisco, a mando da Casa da Torre. Este, combateu- os , subjugou-os e pacificou o sertão. A partir daí, o sertão voltou a ser repovoado por fazendeiros e vaqueiros . É provável que ao passar do Pajeu ao Piancó, no combate aos índios, o Coronel Araujo deva ter passado na região de Princesa ou nos seus arredores.
Pelo lado norte, no Vale do Piancó, toda a região pertencia à Casa da Torre desde 1654, e que após a dita “guerra dos bárbaros” estava sendo desbravada pelos grandes sertanistas baianos, desbravadores dos sertões da Paraiba, os OLIVEIRA LEDO, a serviço da Casa da Torre. Esta ocupação inicial das terras ao norte da região de Princesa aparentemente não teve papel preponderante no desbravamento da mesma.
As terras que não pertenciam a Casa da Torre, ou outros ocupantes, eram consideradas devolutas, e pertenciam ao Governo Portugues (éramos ainda colônia de Portugal). Eram as sesmarias . Para ocupar estas terras, o governo as distribuía com títulos de sesmarias. E os ocupantes se tornavam sesmeiros. São conhecidas também como “datas” ou “dadas”. Tinham tamanho definido, sendo as dimensões limites de 3 léguas de comprimento por 1 legua de largura, ou aproximadamente 130 quilometros quadrados ( a legua de sesmaria equivalia a 3000 braças ou 6600 metros).
A primeira sesmaria na região de Flores ,está registrada em nome do português CUSTODIO ALVES MARTINS em 1695, e se situava na região de Itapetim -São José do Egito. Flores era ainda uma aldeia-povoação, com seus habitantes tapuias e alguns poucos colonos. Esse mesmo sesmeiro, em 1695 consegue mais uma sesmaria, onde hoje é a região de São João do Cariri (Pb).
Tambem próximo à região de Princesa, com fronteiras com o antigo distrito de Manaira, está o Municipio de Serra Talhada ( ex-Vila Bela). Lá, em 1700 instalava-se o portugues AGOSTINHO NUNES DE MAGALHAES com uma fazenda de criar gados.
Já próximo da data do desbravamento de Princesa, em 1756, foi requerida uma sesmaria pelo Capitão JOÃO LEITE FERREIRA, do Sitio Espirito Santo, na Serra da Baixa Verde. Foi posteriormente rejeitada a concessão por embargo da Casa da Torre que reinvidicou a propriedade anterior. Os demais sítios sobre a referida Serra já estavam também ocupados por rendeiros à Casa da Torre ( sítios Corrente, Santa Maria, Timbauba, Bom Jesus, etc.)
Veremos depois que os desbravadores de Princesa aí viveram, eram rendeiros e de lá partiram para chegar até essa região, inclusive um dos personagens mais conhecidos dos princesenses – NATALIA MARIA DO ESPIRITO SANTO.
As terras onde hoje se situa Princesa, até esta época eram virgens, inóspitas e despovoadas e ainda intocadas pelos pés dos desbravadores. Embora, talvez de quando em quando, índios, escravos fugitivos e os famosos caçadores perdidos da antiga lenda, tenham andado por estas plagas!
Toda a historia contida até aqui, são os fatos antecedentes à chegada dos desbravadores à região de Princesa.
Ocupados os vales férteis do Piancó e do Pajeú, e as regiões úmidas da Serra da Baixa Verde (Triunfo), por sesmeiros, rendeiros e posseiros, a ocupação teve continuação nas terras mais altas, subindo em direção à Serra da Borborema, sempre seguindo os cursos dos riachos e se fixando onde pudesse ocorrer pontos d`água permanentes. De Flores - no Pajeú - à Princesa, são apenas 18 quilômetros. De lá partiram os baianos, pernambucanos, brasileiros e portugueses e foram subindo os Riachos da Velha, do Merejo, do Galego, da Malhada, do Gigante, e outros, pelo lado sul.
Pela Serra da Baixa Verde (Serra de Triunfo) abaixo, seguindo o Riacho Piancozinho ou Cachoeira foram ocupando as terras que se tornaram as hoje cidades de São José de Princesa e Manaira, antigos distritos de Princesa.
Pelo lado norte, subindo pelos Riachos Gravatá, Bruscas, Bom Jesus, Canoas e tantos outros, foram vindo os da mesma origem acima indicados e os paraibanos já instalados no Piancó. Devido a maior distancia do Piancó à Princesa (aprox 100 km), estes desbravadores só chegaram com seus currais e fazendas, nos limites do norte-noroeste-nordeste de Princesa- Manaira – Tavares – Jurú – quase 20 anos depois daqueles que vieram pelo lado pernambucano. Numa das cartas de doação de sesmarias, em 1756, se indicava que a “ultima fazenda pelo lado do Piancó era a de São Boaventura (atualmente cidade do mesmo nome) na direção do Pajeú.”
Alem das distancias dos Vales do Pajeú e do Piancó, da falta d´agua, ainda – até 1753 – todas as terras disponíveis em torno destes vales, eram reivindicadas pela Casa da Torre (Bahia), o que tornava os possíveis interessados nas terras, em rendeiros e não em proprietários, e as distancias e os riscos das secas não justificavam ou compensavam os resultados da exploração. Em 1753, o Rei de Portugal (D. José I), anulou, aboliu e cassou todos os direitos às terras que haviam sido doadas à Casa da Torre e de outros sesmeiros, que as possuíam sem cultiva-las. Foi esta decisão real que efetivamente fez a grande mudança e estimulou a quem tivesse interesse nas terras agora disponíveis a reivindicar novas cartas de sesmaria .
As terras onde hoje se situa o Município de Princesa Isabel, estariam tambem dentro daquelas que pertenciam à Casa da Torre, por dedução do que acontecia nas regiões circunvizinhas. Só a partir de 1753, por falta de ocupação é que veio a estimular e permitir que novos interessados pedissem novas sesmarias.
O DESBRAVADOR
É então que aparece um primeiro e novo personagem na historia da ocupação de Princesa: LOURENÇO DE BRITO CORREIA. Foi ele que em 1766 requereu ao governo da Paraiba as terras em torno da Lagoa da Perdição (situada no centro da atual cidade de Princesa Isabel), numa extensão de 19.800 metros (3 léguas antigas) por 6.600 metros ( 13.068 hectares) , que iam aproximadamente do Riacho d´antas (Laje) , até o Riacho Grande (Varzea). Daí seguia até a Escorregada no Riacho Gravatá. Seguindo daí pelo Riacho Tapuio acima, até chegar ao Sitio Jatobá (vizinho ao Sitio das Trincheiras) e daí, retornando, pela Serra do Gavião até chegar de volta ao Riacho d´antas. Assim, essa sesmaria continha todo o território onde hoje está situada a cidade de Princesa Isabel. Da mesma forma que Cabral “descobriu” o Brasil e que a carta de Caminha seria a “certidão de batismo” do Brasil, LOURENÇO DE BRITO “descobriu” a região de Princesa e a sua carta de sesmaria pode ser considerada sua certidão de batismo
LOURENÇO era um provável descendente dos sesmeiros baianos que ocuparam as regiões da mata sul de Pernambuco (Palmares, Garanhuns, Rio Una) após a derrota dos negros do Quilombo dos Palmares (1750). Encontramos diversas sesmarias nesta região em nome de outros BRITO CORREIA.Nascido entre 1700-1740. Foi casado com CATARINA DE BARROS CAVALCANTI, pernambucana. Pai de JOSE D´ARAUJO CAVALCANTI (que foi o segundo marido da viúva NATARIA MARIA DO ESPIRITO SANTO) e de IGNACIA DE BARROS CAVALCANTI.
Após sua carta de sesmaria (veja imagem de parte do documento original da sesmaria existente no Arquivo Publico do Estado, em João Pessoa -Pb

LOURENÇO instalou-se no sitio Escorregadinha, a partir de 1790, que se tornou a sede da FAZENDA DA PERDIÇÃO, nome com que foi conhecido o local por quase 100 anos, até 1858, quando, em torno da LAGOA DA PERDIÇÃO, se formou a POVOAÇÃO DO BOM CONSELHO.
Quando D. NATARIA (ou NATALIA) chegou na região de Triunfo (Pe), entre 1790 – 1795, LOURENÇO DE BRITO já estava instalado na região de Triunfo e Princesa já há mais de 30 anos.
LOURENÇO faleceu em 1799, ainda residente na Escorregadinha, onde criava gados e tinha suas lavouras. LOURENÇO também foi rendeiro de terras pertencentes à Casa da Torre, na região de Triunfo, dos sítios CORRENTE e SANTA ROSA, no período 1770-1780. Em 1788, o mesmo requereu e obteve outra sesmaria vizinha a que ele já tinha, no lado norte, que ia da Escorregada até o sitio Macacos ( sitio Nova Olinda), incluindo as terras onde hoje se situam os sítios Timbauba, Bexigas, Salobro, Serrinha e outros.
Assim, LOURENÇO DE BRITO CORREIA, deve ser reconhecido como o primeiro desbravador das terras princesenses, aqui instalando-se e iniciando o primeiro núcleo da colonização portuguesa na região.
(Quem estiver interessado em aprofundar-se na discussão sobre as primeiras sesmarias na região de Princesa, consulte a publicação do também princesense , EMMANUEL CONSERVA de ARRUDA, na sua monografia de conclusão do Curso de Licenciatura em Historia pela UFPb, sob o titulo “Fronteiras da Perdição”-2003).
Enquanto isso... LOURENÇO não ia ficar muito tempo sem vizinhos. De 1767 até 1788 (data da segunda sesmaria), outros sesmeiros pediam e obtinham terras, onde hoje se situam os municípios de SÃO JOSE DE PRINCESA e MANAIRA, no lado oeste. Pelo lado leste (nascente) foram pedidas sesmarias, onde hoje se situam TAVARES, JURU e AGUA BRANCA, todos eles ex-distritos que compuseram o município de PRINCESA ISABEL nos seus primórdios, quando da sua emancipação do PIANCÓ em 1875, até quando também se emanciparam entre 1960 -1990.
Pelo lado sul, divisa com Pernambuco, as terras iam sendo ocupadas pelas famílias Medeiros, Paiva ,Carlos de Andrade, Freire Mariz, Rodrigues Mariz, Ferreira Rabelo, Gomes e outras que se tornariam as principais famílias a povoarem a região. As sesmarias de LOURENÇO DE BRITO devem ter servido para que mais interessados fossem atraídos pelas terras ainda não ocupadas.

OUTROS DESBRAVADORES
Após a primeira sesmaria obtida por LOURENÇO DE BRITO, seguiram-se outras das terras onde vieram a se formar os futuros distritos e povoados de PRINCESA – São José, Manaira, Tavares, Juru, Agua Branca, Patos, Belem e outros. No quadro abaixo, estão relacionadas por ordem cronologica estas sesmarias:
Data
sesmeiros
Local descrito na sesmaria........ denominação atual
1767
FELIPE GOMES DE LEIROS
SERRA NEGRA ................ LIVRAMENTO/SÃO JOSÉ
1775
JOSÉ GREGORIO BEZERRA
RIACHO MOCAMBO........CANOAS/MOCAMBO/ARARA
1776
JOÃO DE SOUZA
LAGOA JUNCO......... JUNCO/MIXILA/INACIO ALVES
1777
FCO ARRUDA CAMARA
RCHO GRAVATÁ/MACACOS..... N. OLINDA/VARZEA CRUZ
1785
JOSE DE BARROS PEREIRA
RCHO PILOES/CALDEIRÃO............ TAMBORIL/LAVANDEIRA
1785
FCO GONÇALVES LISBOA...............
RCHO CACHOEIRA/S. BRANCA.... JURU/AGUA BRANCA
1787
PEDRO PEREIRA DA SILVA
PITOMBEIRA..............PITOMBEIRA / TAVARES
1787
MANOEL DE SOUZA BARBOSA.......
BELEM.................... BELEM/MANAIRA
1788
LÇO DE BRITO CORREIA..............
RCHO MACACO/ESCORREGADA....MACACOS/TIMBAUBA
1788
FRANCISCO FREIRE MARIZ ...........
LAGOA CARNAUBA.............................CARNAUBA/JURU
1790
JOSÉ RODRIGUES MARIZ
CONTENDAS/SERRA BRANCA...... CHAPADA/TAVARES/JURU
1790
FRANCISCO FREIRE MARIZ
SERRA BRANCA/BARRA.................. RIACHO EXU/JURU
1791
JOSE D’ARAUJO CAVALCANTI
RCHO VELHA/ESPINHEIRO.... .........BUENOS AIRES/MACACOS
1792
SEBASTIÃO ARAUJO E SILVA
RCHO DA ONÇA/BELEM ........ POÇO CACHORRO/R. ONÇA
1809
JOSÉ DA COSTA ALMEIDA
SERRA BRANCA...................... SERRA BRANCA/TAVARES
1815
JOSE DOS SANTOS SILVA
CANOA/BALANÇA............ SERRINHA/CANOA/BALANÇA
1815
MANOEL GOMES DA SILVA
LAGOA S JOÃO/GAVIÃO......... LAGOA S JOÃO/GAVIÃO
1816
LUIZ G. ALBUQUERQUE
GLORIA/CAMPOS ..................... CALDEIRÃO/CAFUNDÓ
1816
JOSE DE PAIVA MATOS
LAGOA PERDIÇÃO/BUENOS AIRES....... LAGE/BUENOS AIRES
1816
RICARDO ALCOFORADO
POÇO REDONDO ........................JURU
1816
SILVESTRE MARTINS OLIVEIRA
NORTE DE SÃO JOSÉ..... SALGADINHO/JACU/S.JOSÉ
1816
JOSÉ ANT. DE SOUZA
S. BRANCA/STA CLARA..... RAJADA/CATINGUEIRA/JURU
1816
DOMINGOS ALVES FEITOSA
SERRA BRANCA/EXU ...... SÃO FRANCISCO/A. BRANCA
1817
FRANCISCO SILVA LIMA
RIACHO CACHOEIRA...............CACHOEIRA MINAS
1817
FRANCISCO GOMES TORRES
ALAGOA TAVARES....................TAVARES
1818
JOSÉ BEZERRA LEITE
RIACHO DO MEIO.............MANAIRA/SÃO JOSÉ

Em 1822 (ano da Independência do Brasil), todas as doações de terras por sesmarias foram suspensas. Encerrou-se assim este processo de ocupação das terras do sertão. Esta relação das primeiras sesmarias serve para se visualizar a antiguidade da chegada dos desbravadores na região de Princesa e identificar as famílias que nela se instalaram. Alerta-se que as demarcações das sesmarias eram bastante imprecisas e na maior parte dos casos, seus limites são aproximações e nem sempre os possuidores de sesmarias chegavam a ocupar as terras efetivamente.
OCUPAÇÃO COMPLETADA
Com a independência do Brasil em 1822, foi suspensa a distribuição de terras devolutas por sesmarias. Somente em 1850, com a “Lei de Terras” é que novamente se regulamentou a ocupação dessas terras. Neste período (1822-1850), completou-se a ocupação da região de Princesa, através de compra e venda de propriedades, fazendo com que muitas terras de antigas sesmarias fossem se subdividindo e sendo ocupadas por novos proprietários, que viriam a se constituir nas futuras famílias que se estabeleceram na região, alem dos antigos sesmeiros e seus herdeiros.
Especificamente na região que hoje se constitue o Municipio de Princesa Isabel, onde se situava a sesmaria de LOURENÇO DE BRITO CORREIA, falecido em 1799, herdaram suas terras, sua viúva CATARINA DE BARROS CAVALCANTI e seus dois filhos JOSE D’ARAUJO CAVALCANTI e IGNACIA DE BARROS.
Em 1791, JOSÉ D’ARAUJO tinha também obtido uma sesmaria vizinha ao do seu pai, que ia do Riacho da Velha até o sitio Macacos (Nova Olinda). Já em 1816, ele vendeu as terras do lado sul da Lagoa da Perdição, que ia do sitio Lage até o sitio Buenos Aires, à JOSE DE PAIVA MATOS (patriarca da família PAIVA que se instalou nos sítios Rancho dos Homens, Cedro e Lagoa de S João). Todas as demais terras em torno da Lagoa da Perdição, até o sitio Espinheiro, no poente, descendo até o sitio Canoas, subindo o riacho do Vinho, até o sitio Serrinha, pelo lado norte e passando pelo sitio Carneiro até voltar à Lagoa da Perdição, limitado ao nascente pelo sitio Gavião e Cedro, pertenceram à JOSE D’ARAUJO CAVALCANTI e seus herdeiros. Este, em 1816 fica viúvo e casa-se com NATARIA (ou NATALIA) MARIA DO ESPIRITO SANTO, também viúva. Sobre esta personagem lendária na história princesense, apresentarei maiores detalhes nos próximos artigos. Foi portanto por herança, que NATALIA se tornou proprietária de metade das terras acima descritas, após o falecimento de JOSE D’ARAUJO em 1836. Durante este período, desde a sesmaria inicial (1766) até 1858, a região acima delimitada foi conhecida como FAZENDA PERDIÇÃO. Há registros desta época, de atividades e moradores no local. Estes registros também indicam que os antigos proprietários, JOSE D’ARAUJO e NATALIA aqui não residiam, e sim na então Vila de Flores (Pe) e Sitio Espirito Santo (em Triunfo – Pe), talvez por conta das distancias e falta de conforto numa fazenda nestes confins do sertão. Paralelamente, nas vizinhanças vão se instalando novas famílias, tais como os MEDEIROS, CARLOS ANDRADE, RAPOSO (Queimadas, Capoeiras, Boa Vista, Oitis, Lage, Jericó,) ao sul (Pe), os FERREIRA RABELO (Buenos Aires, Manaira), LUZ , BEZERRA LEITE, MARTINS, (São José, Manaira), FLORENTINO (Patos), CAVALCANTI, TAVARES (Piancozinho, Patos), RODRIGUES MARIZ , PAIVA, MEDEIROS (Rancho dos Homens, Cedro, Lagoa S João), ALMEIDA , FREIRE MARIZ, GOMES, FEITOSA (Tavares, Juru, Agua Branca). Estas famílias primeiras, se entrecruzaram intensamente, formando a base da grande família princesense, que viria preparar o ambiente para o inicio da urbanização que viria a seguir.

LEI 14.400 DE PERNAMBUCO - RODOVIA CANHOTO DA PARAIBA




Com grande satisfação, anuncio a todos, a relevante noticia de que a Assembleia Legislativa de Pernambuco decretou e o  Governador de Pernambuco sancionou, a LEI 14.400 que dá o nome do ilustre conterrâneo, musico Chico Soares, o Canhoto da Paraiba, à rodovia PE 337, que liga Flores à Princesa, cujo teor transcrevo abaixo:

LEI Nº 14.400,  DE 22 DE SETEMBRO DE 2011


Denomina de Rodovia Canhoto da Paraiba
o trecho da Rodovia Estadual PE-337 a partir
do Municipio de Flores até a divisa com o
Estado da Paraiba.







                        O GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO:

Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte Lei:


    Art 1º Fica denominada de Rodovia Canhoto da Paraiba, o trecho da Rodovia Estadual PE – 337, que liga a Cidade de Flores à divisa com o Estado da Paraiba.

   Art 2º Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação.

PALACIO DO CAMPO DAS PRINCESAS, em 22 de setembro de 2011.

EDUARDO HENRIQUE ACCIOLY CAMPOS
Governador do Estado


FRANCISCO TADEU BARBOSA DE ALENCAR
THIAGO ARRAES DE ALENCAR NORÕES

O projeto que originou esta Lei é de autoria do Deputado Waldemar Borges

(Publicado no Diário Oficial do Estado de Pernambuco em 23 de setembro de 2011)

NOTA DE REGISTRO
Esta lei,   nascida de uma proposta minha em dezembro de 2010, foi levada e assumida com entusiasmo pelo  princesense João Bosco de Almeida, Secretario de Recursos Hidricos e Energeticos do Estado de Pernambuco e um admirador de longa data do nosso conterrâneo Chico Soares . Juntamente com o trabalho e empenho do Deputado Estadual pernambucano Waldemar Borges, e  do apoio do Governador Eduardo Campos, produziram esta lei que pereniza o nome do grande artista princesense e pernambucano por adoção. 
Lembro que a rodovia  paraibana que vai da nossa cidade até a divisa com Pernambuco , tem a denominação de "Rodovia Gonzaga Bento". Gonzaga Bento, falecido avô do atual Prefeito de Princesa, foi um amigo e admirador de Chico Soares. Assim, o antigo caminho que nos liga a Pernambuco desde nossas origens, recebe o encontro eterno de duas figuras de nossa historia. Festejar isso é justo. Justíssimo.
De público, urbi et orbi, meus agradecimentos pessoais ao conterrâneo João Bosco de  Almeida e ao Deputado Waldemar Borges, pela acolhida e empenho nesta homenagem.
Francisco Florencio

Seguidores

Pesquisar este blog